Biografia
Meu primeiro contato com a surdez deu-se ainda criança. Tenho um irmão deficiente auditivo e eu sempre me perguntava porque ele tinha dificuldades de me entender e não se socializava tanto com os outros. Na adolescência, visitando uma Igreja Batista, chamou-me a atenção um grupo de “surdos” que diferente do meu irmão, não conseguiam fazer leitura labial nem tinham resíduo auditivo. O ano, 1996. A Intérprete, Edilene Frazão. Logo comecei o curso básico de libras com o prof.Everson e depois na Universidade Estadual com os professores Cléber Couto e Socorro Bonifácio . No ano seguinte iniciei minhas primeiras tentativas de atuação como intérprete nos cultos. A interpretação comunitária veio logo em seguida. Devido a escassez de profissionais, os “intérpretes” da igreja eram chamados para auxiliar nos mais diversos espaços públicos. Foram 6 anos exercendo interpretação voluntária, trabalho paralelo à interpretação dos eventos religiosos. Nesse mesmo período iniciei a atuação como intérprete na TV Rede Boas Novas.

Com reitora da UFSC participando de reunião no MEC em busca da valorização do profissional intérprete de nível Superior
A primeira experiência profissional remunerada como intérprete ocorreu no ano de 2002, interpretando na rede pública de educação de Goiás. Sentindo a necessidade de formação específica percorri 12 estados
participando de capacitações, cursos, congressos e oficinas. Buscando uma graduação que contribuísse com minha atuação em sala de aula ingressei no curso de pedagogia na Universidade Federal de Goiás. A falta de contribuição direta das disciplinas me fizeram largar o curso várias vezes. Foram 4 aprovações em vestibulares Federal e Estadual. Faltando poucas disciplinas para concluir o curso é lançado o primeiro curso de graduação em Letras Libras pela UFSC. O ano, 2006. Aprovado agora no vestibular da UFSC iniciei uma nova graduação. Nesse ano já atuava como formador de intérpretes do Centro de Capacitação de Profissionais de Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez – CAS – GO, nas Cirandas de Aprendizagem promovidas pelo governo do estado em diversas cidades e em cursos promovidos pelo MEC através do IBEG/FNDE em outros 4 estados. O trabalho realizado no CAS também gerou o convite do Ministério da Educação para interpretar e participar de mesa redonda no congresso Nacional de Educação de Surdos, realizado em Salvador-BA. Ainda em 2006 sou aprovado no concurso de títulos para intérpretes de libras da Caixa Econômica Federal. Atuando no projeto pioneiro do banco, que implantava o curso de libras com professor surdo em todas as suas regionais percorri mais 13 estados em 4 anos.
No curso letras libras iniciei uma trajetória como assessor e intérprete do pólo GO, depois como intérprete no pólo UFSC, monitor de 8 disciplinas e tutor até a aprovação no concurso público para tradutor e intérprete de nível superior em 2011. Participei ainda como bolsista do grupo de pesquisa Bilingue Bimodal Binacional, do núcleo de aquisição de libras, coordenado pela professora DrªRonice Quadros.
Em 2011 ingressei no mestrado em linguística da Universidade Federal de Santa Catarina, tendo o privilegio de ser orientado pelo professor Dr.Tarcísio Leite.

Com Prof.Regina de Souza e Marianne Stumpf na comissão de elaboração da nova política de educação bilíngue do Ministério da Educação
Em 2013 fui novamente convocado pelo MEC/Feneis, desta vez para auxiliar com os trabalhos do grupo que elaborou a nova política de educação bilíngue.
Após concluir o mestrado em fevereiro de 2014, fui aprovado no processo de seleção de intercâmbio da Gallaudet University, única Universidade com programas desenvolvidos especificamente para surdos e referência mundial nas pesquisas em língua de sinais. Como parte do meu projeto de disciplinas e estudo para ingresso no doutorado em 2015, cursei disciplinas da pós graduação do departamento de Tradução/Interpretação da Gallaudet.
Concomitante a formação e atuação profissional, permaneço exercendo o trabalho social iniciado em 1997 de interpretações voluntárias e apoio as demandas da comunidade surda, como aquele realizado para a Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos durante o “setembro azul”.
Mais recentemente, tenho me dedicado também a mobilização nacional dos intérpretes de língua de sinais pelo enquadramento de nível superior. Em viagem até ao MEC em 2014, com recursos próprios e com o apoio do representante da Federação Mundial de intérpretes na América Latina, iniciamos uma negociação que segue em busca da valorização do profissional intérprete de libras de nível superior.
Atualmente desenvolvo três projetos de extensão, colaboro em dois projetos de pesquisa , participo do grupo de pesquisa Intertrads – CNPQ,atuo no ensino em cursos de formação de profissionais que atuam com surdos e na monitoria do curso Letras Libras da UFSC, além da atuação como tradutor e intérprete na mesma Universidade.